Contato com animais venenosos
Acidentes com animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões são comuns tanto na zona rural quanto urbana.
Acidentes com cobras
No Brasil, a picada por jararaca corresponde a 90% dos acidentes com serpentes. O local costuma ficar inchado, roxo (equimose) e sangrando, pode ainda surgir bolhas e até necrose dos tecidos (morte das células). A vítima pode ainda apresentar sangramentos (gengiva, nasal, urina, hemorragia interna), náuseas, vômitos, sudorese, queda de pressão, comprometimento no funcionamento dos rins (insuficiência renal aguda) e choque nos casos mais graves – quando há redução dos níveis de oxigênio na corrente sanguínea, dificultando seu fornecimento para órgãos e causando risco à vida.
As picadas por cascavel, embora não tão doloridas no local, têm alta letalidade pois evoluem muito rápido para insuficiência renal aguda. O veneno dessa cobra causa paralisia e danos às fibras musculares resultando em formigamentos e fraqueza muscular.
Acidentes com coral verdadeira são menos frequentes, mas também são muito graves pois podem evoluir rapidamente para fraqueza muscular e insuficiência respiratória aguda. Já os registros de encontros com surucucu são mais raros e costumam acontecer nas florestas. Os efeitos dessa picada são similares aos da jararaca.
Em qualquer caso, há risco de vida e a pessoa deve procurar auxílio médico imediatamente. O tratamento é feito com o soro antiofídico específico e terapias de suporte.
Acidentes com escorpiões e aranhas
Os acidentes com escorpiões e aranhas são muito frequentes na zona urbana. Após a picada por escorpião, os sintomas podem aparecer em minutos ou em poucas horas, principalmente em crianças. A vítima normalmente tem sudorese, vômitos, arritmia cardíaca e dificuldade de respiração. Sem socorro, pode ser fatal.
Entre as aranhas, os acidentes mais graves são com a aranha-marrom. A picada causa dor, inchaço e vermelhidão no local, que vai piorando e pode evoluir para necrose, insuficiência renal e morte.
Picadas da aranha armadeira são os de maior frequência, mas raramente graves, e podem provocar taquicardia, sudorese e vômitos; a reação mais comum é dor e formigamento local. A viúva-negra causa tremores, espasmos musculares e taquicardia.
Acidentes com outros animais
Outro animal perigoso é a lagarta ou taturana lonomia. O contato com ela pode causar graves hemorragias e pode levar à morte. Ela pode ser reconhecida pela cor amarronzada ou esverdeada e pelo corpo recoberto de espinhos em formato de pinheiro.
Abelhas e formigas, embora na grande maioria das vezes não causem acidentes graves, podem provocar reações em pessoas alérgicas, inclusive com edema de glote que impede a respiração. Se a vítima for atacada por um enxame, a grande quantidade de toxinas pode causar a síndrome do envenenamento, com queda de pressão e insuficiência renal aguda.
Atenção
Se for mordido ou picado por um animal peçonhento, não se deve fazer torniquetes, nem colocar nada sobre a ferida. Também não se deve cortar nem sugar o sangue do local. Apenas lave bem a região com água abundante e procure ajuda médica imediatamente. O tratamento é feito com o soro específico para serpentes, escorpiões, aranhas e até contra a lonomia.
Se possível, leve o animal para identificação – desde que a captura não coloque outras pessoas em risco.
Prevenção
No campo ou na mata, use sempre botas de cano alto (e checar antes de calçá-las se não há nenhum bicho dentro). Nunca coloque as mãos em tocas, troncos ocos, depósitos e pilhas de materiais. Mexa nesses locais com a ajuda de algum objeto, como um pedaço de pau.
Evite o acúmulo de lixo e entulho. Ratos e baratas atraem cobras e escorpiões. Predadores naturais como sapos, galinhas, seriemas e gambás ajudam a controlar a proliferação. Também é importante cuidar do habitat natural desses predadores evitando o desmatamento.
Dentro de casa, sempre cheque roupas, lençóis e toalhas e interior dos sapatos – locais onde pode haver aranhas e escorpiões.
Contato com plantas venenosas
Várias plantas comumente encontradas em campos, fazendas sítios e jardins são tóxicas e podem causar desde problemas circulatórios e gastrointestinais até afetar o sistema nervoso central. Em alguns casos, em apenas meia hora pode haver taquicardia, queda de pressão arterial, fraqueza.
A comigo-ninguém-pode causa inchaço das mucosas se for ingerida. Se a reação for muito intensa, pode até haver risco de vida pela dificuldade de respiração. A aroeira é outra espécie tóxica que em contato com a pele leva a lesões como bolhas e se ingerida, pode provocar sintomas gastrintestinais. O antúrio pode causar um inchaço perigoso na cavidade oral. A espada-de-são-jorge irrita a pele e provoca sintomas como salivação excessiva. A azaleia pode até provocar queda de pressão e convulsões em casos mais graves.
Prevenção
Use luvas sempre que precisar manusear plantas. Por via das dúvidas, não deixe crianças e animais domésticos brincarem ou ingerirem nenhuma parte delas, mesmo aquelas encontradas comumente em jardins. Se houver suspeita de contato com alguma espécie, procure ajuda médica imediatamente. Se possível, leve um pedaço da planta – mas cuide para evitar o contato com ela e não se machucar também.
Fonte:
Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2™ ed. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001. 120 1. Zoonose. I. Fundação Nacional de Saúde.
Plantas tóxicas, Fiocruz. Disponível em: https://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/virtual%20tour/hipertextos/up2/plantas-toxicas.htm. Acesso 23/03/2023.
Nome original do Grupo CID: Contato com animais e plantas venenosos
Categorias CID presentes no grupo como causa de morte:
X20 Contato com serpentes e lagartos venenosos
X23 Contato com abelhas, vespas e vespões
X22 Contato com escorpiões
X29 Contato com animais ou plantas venenosos, sem especificação
X21 Contato com aranhas venenosas
X27 Contato com outros animais venenosos especificados
X26 Contato com animais e plantas marinhos venenosos
X25 Contato com outros artrópodes venenosos
X24 Contato com centopéias e miriápodes venenosas (tropicais)
X28 Contato com outras plantas venenosas especificadas